
“Esta é uma prática
muito poderosa e eficiente que Patañjali chama no Yoga Sūtra (sūtra II:33)
pratipakṣa bhāvana e que consiste no seguinte: "quando surgirem
pensamentos indesejáveis, estes podem neutralizar-se convivendo-se com seus opostos" (vitarkabādhane
pratipakṣabhāvanam).
Vencer a tendência natural a se deixar arrastar
pelo julgamento precipitado é um passo importante na caminhada que é o Yoga. Se
meu problema for julgar levianamente, posso resolvé-lo de maneira eficiente
quando exerço esta continência verbal. Isto quer dizer evitar o primeiro
impulso para verbalizar uma ideia antes de que a análise de todos os fatores
tenha sido concluída, para verificar se a minha apreciação coincide com a
realidade dos fatos.
E, depois de guardarmos para nós mesmos esse tipo
de julgamento, poderíamos fazer ainda um exercício de aceitação da situação,
reconhecendo que cada pessoa faz sempre seu melhor dentro das circunstâncias
que lhe cabem, ainda quando as ações pareçam ter sido feitas de maneira
deliberadamente errada.
Assim, exercendo essa autodisciplina que nasce da
continência e do esforço sobre mim mesmo, da minha motivação pela superação e
do foco que mantenho na prática, fortaleço e purifico meu psiquismo e minha
força de vontade.
No início, este exercício poderá nos parecer
difícil, dada a imensa força dos condicionamentos, porém, se quisermos ter uma
ideia de a quantas anda a nossa evolução e o nosso crescimento emocional, este
é um bom termômetro: conseguimos, de fato, evitar o impulso de nos queixar
desnecessariamente ou de falar mal dos demais?
O resultado do pratipakṣa bhāvana é tornar a mente
sattvika, equilibrada, harmoniosa e construtiva, de maneira que ela seja
nossa aliada no crescimento interior. Essa mente purificada, por sua vez, nos
ajudará a viver uma vida tranquila e dentro do dharma, o princípio da harmonia
universal.”
Pedro Kupfer.
Outra perfeita forma de tornar a mente construtiva, equilibrada e
harmoniosa é a meditação. Ela nos trás para quem realmente somos. Veja o que
diz Swāmi Dayānanda:
“Meditação é
somente você ser a pessoa que você é. Você é dotado de um corpo, de sentidos e
de uma mente, que tem memórias, emoções e conhecimentos, e é consciente de
todos eles. Você é uma pessoa. Uma pessoa se torna uma personalidade por causa
dos medos, ansiedades e muitos outros problemas. Raivas, invejas, inseguranças,
tudo isso faz de uma pessoa uma personalidade. Tudo isso é criado por você
mesmo. Na meditação você reduz todas as situações a simples fatos. Quando
você aceita as situações, elas se tornam simples fatos para você. Quando
rejeita as situações, você se torna uma personalidade. O fato é que você é uma
pessoa com um corpo, sentidos, uma mente e fora, como objeto de seus sentidos,
está o mundo.
Quando você apenas vê fatos, você é uma pessoa que não exige nem necessita de
coisa alguma. Quando você é uma pessoa que exige ou necessita de alguma coisa,
nesse momento está interagindo com o mundo. Quando apenas aprecia o mundo, você
é somente você mesmo, e o mundo é como ele é. Você não está exercendo papéis. O
problema é que cada papel acumula resíduos. Portanto, você tem que neutralizar
e remover esses resíduos, para você ser o que é e as coisas serem o que elas
são. No processo da meditação os resíduos devidos aos papéis são neutralizados.
Meditação é ser independente de papéis. Esse estado de não representar papéis
não é desconhecido para você.”
Swāmi Dayānanda.
Boas práticas!
Namastê!