Nós mulheres nos sentimos confusas na
hora de escolher o melhor para nossos bebês, na gestação, no parto, no
pós-parto. As informações muitas vezes se chocam e o que um médico diz que é
certo, outro diz que é absurdo. Como saber a verdade? Porque eles pensam tão
diferentemente?
Como qualquer área de conhecimento, a
Medicina se baseou desde o início em observação de fenômenos, formulação de
teorias e apresentação de conclusões. No entanto quando se observa um fenômeno,
ou quando o interpretamos, estamos dando o nosso "toque pessoal" e
muitas vezes já esperamos um determinado resultado. Quando tiramos conclusões,
elas são cercadas de nossas crenças, nossos mitos, nossa cultura. Os médicos e
pesquisadores não escapam desses fatores ao montarem suas pesquisas e anotarem
seus resultados.
É por isso que existem regras para se
fazer pesquisa. Tem que haver um bom número de participantes nos testes. Tem
que se estabelecer um o grupo experimental e um grupo controle, ou seja, um
grupo de participantes que passa pelo procedimento e outro que não passa. O
pesquisador não pode saber quem faz parte do grupo de experimentos e quem faz
parte do grupo de controle. Existem diversas formas de projetar os experimentos
para que eles tenham o mínimo possível de interferências pessoais, comerciais e
culturais de quem está executando, analisando e processando o experimento.
Depois é necessário uma boa análise
estatística. Mesmo assim, milhares e milhares de pesquisas são publicadas
anualmente e que não cumprem com o mínimo de requisitos que as qualifiquem como
"padrão ouro". Portanto, se alguém quiser encontrar artigos ditos
científicos que afirmem que a cesárea é mais segura que o parto normal, basta
procurar. Vai até encontrar artigos "científicos" que afirmem que as
mulheres mestiças têm bacias defeituosas e não podem ter um parto normal. É
possível encontrar todo tipo de afirmação, até as mais estapafúrdias.
Para isso existem as metanálises. São
estudos em que os pesquisadores juntam todas as pesquisas feitas no mundo
dentro de um período sobre um determinado assunto. Depois eles classificam e
aproveitam apenas aquelas cujos experimentos que foram executados dentro dos
preceitos acima citados. Juntam então todos os resultados e fazem a análise
estatística desse conjunto de pesquisas. Nesse caso teremos milhares de casos
computados e com a certeza de que as pesquisas participantes foram bem
planejadas.
E como é que nós, mães, gestantes, temos
acesso a essas metanálises? Existe um "braço" da Organização Mundial
da Saúde voltada para o consumidor e suas prioridades. É a Biblioteca Cochrane.
Eles colocam à disposição dos profissionais e do público leigo todos os estudos
feitos até hoje, envolvendo todas as áreas da medicina. São os consumidores que
determinam o que esse grupo vai estudar, que dão as prioridades.
Infelizmente os estudos estão todos em
inglês, mas em breve será disponibilizado os resumos mais importantes traduzidos
para o português e estará na internet. É de fundamental importância que as
mulheres saibam o que está sendo feito em cada exame, cada procedimento e que,
acima de tudo, tenham o direito de escolher o que é melhor para elas.
Entre os estudos já publicados: efeitos
na anestesia sobre o parto, uso da episiotomia, posição para o parto, uso da
água para analgesia, ultrassom, e muito, muito mais. Não deixe de se informar e
se for o caso, consulte uma segunda, terceira, quarta opinião. E lembre-se que
a opinião de cada médico virá acompanhada da experiência, crenças e
conhecimentos dele.
"...dá-nos discernimento e sabedoria em cada escolha"
Paramahansa Yogananda
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