No Brasil, as parteiras urbanas são as enfermeiras
obstetras ou obstetrizes. As Doulas são mulheres que acompanham a gestante na
gestação, parto e pós parto e/ou mulheres profissionais de diversas áreas que
recebem o chamado de mudar o nascimento para se mudar a vida.
As parteiras urbanas e as Doulas são profissionais especializadas no
acompanhamento de gestações e parto de baixo risco, que confiam na natureza do
nascimento fisiológico e na capacidade das mulheres para gestar uma outra vida,
dar à luz naturalmente e maternar com todas as potencialidades inerentes ao
feminino.
Ao mesmo tempo que essas mulheres oferecem um
cuidado sensível e individualizado, são treinadas para utilizar a tecnologia
adequadamente se necessário, garantindo cuidado e segurança nos atendimentos.
Até meados do século passado a maior parte da
humanidade nascia dentro de suas casas, atendidas principalmente por parteiras
tradicionais e mulheres que as acompanhavam. A institucionalização dos
nascimentos trouxe grandes ganhos em termos de segurança, principalmente
naquelas gestações de risco, em que mãe e/ou bebê necessitavam de suporte e
tecnologia avançados. No entanto, a ida ao hospital também trouxe consequências
negativas, como a medicalização desnecessária e iatrogênica dos partos,
trazendo para o cenário do nascimento elementos que hoje a ciência identifica
como prejudiciais ao nascimento fisiológico: a posição ginecológica, a
episiotomia (corte na vagina/períneo), o soro com ocitocina para aumentar as
contrações, o ambiente gelado (ar condicionado), o excesso de luminosidade e
estímulos, a separação de mães e bebês logo após o parto, a solidão com o
afastamento de familiares/acompanhantes, entre outros. Quem de nós nunca ouviu
uma história trágica de um parto "normal"?
Essas condições desfavoráveis para o parto
"normal" somadas com a evolução das técnicas cirúrgicas, acesso a
bancos de sangue e à UTIs bem equipadas contribuíram para o "boom das
cesarianas" que teve início na década de oitenta e se estende até os dias
atuais. Dados de 2012 mostram que, pela primeira vez em sua história, nosso
país apresentou mais nascimentos por cirurgias (51%) do que por partos normais.
Apesar da cesariana ser uma cirurgia salvadora e
relativamente segura, seu uso indiscriminado traz sérias consequências. Falando
em números, somos um país com nascimentos prematuros ultrapassando 10% (o
aceito internacionalmente é 3%; as cesáreas eletivas têm grande papel nisso),
com índice de mortalidade materna entre os mais altos do mundo (54 mortes por
mil nascimentos), sendo mais de 90% dessas mortes evitáveis. Vários estudos
ainda relacionam o índice de cesarianas de uma sociedade com o índice de
violência da mesma, além de várias morbidades, como autismo, asma, obesidade,
entre outros (1,2).
Paralelamente a isso, cresce no Brasil um movimento
de mulheres que decidiram retomar para si o protagonismo do nascimento de seus
filhos, unindo seus quereres e intuições às evidências científicas disponíveis
e planejando parir naturalmente, com o mínimo de intervenções, respeitando a fisiologia
do processo.
Acreditamos que as crianças e famílias que nascem
dessa forma estão um passo à frente no caminho de resgatar o amor e a paz no
mundo, uma vez que nascem em meio a um coquetel de hormônios do amor e são
respeitadas desde seu primeiro suspiro.
1. Odent, M.
The cesareans. Disponível em: http://www.wombecology.com/?pg=caesareans
2. Odent, M. Antissocial behaviour from a primal health reserach perspective. Disponível em:http://www.wombecology.com/?pg=antisocial
2. Odent, M. Antissocial behaviour from a primal health reserach perspective. Disponível em:http://www.wombecology.com/?pg=antisocial
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