terça-feira, 24 de janeiro de 2012

MAYA - um tipo de fábrica

"De acordo com os Vedas, a natureza é chamada de Maya ou ilusão. Mas para quem a natureza é ilusão? Para aquela pessoa que entendeu. Para os demais, o mundo ainda é real.

O mundo inteiro é um tipo de fábrica. Numa fábrica nós podemos ver o material em seu estado bruto chegando: madeira, ferro, etc, mas conforme eles vão passando por diferentes processos e máquinas, eles saem como produtos acabados que vão pro showroom, para as lojas e finalmente para os consumidores. Esses produtos não retornam para a fábrica, mas a fábrica continua funcionando, pois a matéria bruta continua chegando.

O mundo é a nossa fábrica. Conforme passamos por ele, somos burilados, talhados, a cada minuto por diferentes experiências. Nós nos tornamos mais refinados conforme nosso entendimento aumenta, desenvolve.  Eventualmente entendemos o mundo por completo, e não precisamos mais retornar à fábrica. Então, podemos dizer: “Uma vez pensei que tudo isso era real: dinheiro, nome, posição, beleza. Mas agora eu compreendo que nada disso é permanente. Vi milionários ficarem pobres, pessoas bonitas ficarem cheias de rugas.” Quando este entendimento chega, nós não confiamos mais nos prazeres mundanos nem corremos atrás deles. Quando paramos de correr atrás do mundo, o mundo diz “tudo bem, senhor, eu não vou mais te incomodar. Mas sempre que você quiser fazer uso de mim, estarei pronto para servi-lo”. Então o mundo corre atrás de você.

Mas podemos nos esculpir sem precisar da ajuda da fábrica. (...) Conheça bem o mundo. Não tente fugir dele. Não corra dele ou largue tudo de mão. O escapismo nunca nos ajuda. Se tentarmos deixar alguma coisa de lado agora, nós teremos que enfrentá-la, no futuro, numa forma ainda mais difícil.

Outra coisa é: nós precisamos estar sempre atentos e em estado de alerta com Maya. O mundo tentará nos enganar de todas as formas. Ele tentará chegar a nós através de cada canto e esquinas. Nós temos que ter muitos olhos espalhados para enfrentar o mundo. Mas precisamos encará-lo, entendê-lo, analisá-lo, e resolver os testes que ele nos propõe.

Muitas pessoas tem medo de saber quais são seus problemas. Elas querem simplesmente engolir uma pílula e esquecer de tudo. Entretanto, elas acordam todos os dias com novos e mais problemas. Elas querem virar ostras. Quando existe perigo à vista, elas afundam suas cabeças na areia. Mas isso não significa que os problemas estarão resolvidos.

Quando nós solucionamos e entendemos nossos problemas, nós nos tornamos mestres. E ao nos tornarmos mestres, nós não estamos mais vinculados ao mundo. Ele se torna nosso servo.

(Tradução livre, Comentário ao Sutra 22, Cap II, Yoga Sutra de Patanjali – Sri Swami Satchidananda)

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