quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Gestar e a melhor escolha




Nós mulheres nos sentimos confusas na hora de escolher o melhor para nossos bebês, na gestação, no parto, no pós-parto. As informações muitas vezes se chocam e o que um médico diz que é certo, outro diz que é absurdo. Como saber a verdade? Porque eles pensam tão diferentemente?
Como qualquer área de conhecimento, a Medicina se baseou desde o início em observação de fenômenos, formulação de teorias e apresentação de conclusões. No entanto quando se observa um fenômeno, ou quando o interpretamos, estamos dando o nosso "toque pessoal" e muitas vezes já esperamos um determinado resultado. Quando tiramos conclusões, elas são cercadas de nossas crenças, nossos mitos, nossa cultura. Os médicos e pesquisadores não escapam desses fatores ao montarem suas pesquisas e anotarem seus resultados.
É por isso que existem regras para se fazer pesquisa. Tem que haver um bom número de participantes nos testes. Tem que se estabelecer um o grupo experimental e um grupo controle, ou seja, um grupo de participantes que passa pelo procedimento e outro que não passa. O pesquisador não pode saber quem faz parte do grupo de experimentos e quem faz parte do grupo de controle. Existem diversas formas de projetar os experimentos para que eles tenham o mínimo possível de interferências pessoais, comerciais e culturais de quem está executando, analisando e processando o experimento.
Depois é necessário uma boa análise estatística. Mesmo assim, milhares e milhares de pesquisas são publicadas anualmente e que não cumprem com o mínimo de requisitos que as qualifiquem como "padrão ouro". Portanto, se alguém quiser encontrar artigos ditos científicos que afirmem que a cesárea é mais segura que o parto normal, basta procurar. Vai até encontrar artigos "científicos" que afirmem que as mulheres mestiças têm bacias defeituosas e não podem ter um parto normal. É possível encontrar todo tipo de afirmação, até as mais estapafúrdias.
Para isso existem as metanálises. São estudos em que os pesquisadores juntam todas as pesquisas feitas no mundo dentro de um período sobre um determinado assunto. Depois eles classificam e aproveitam apenas aquelas cujos experimentos que foram executados dentro dos preceitos acima citados. Juntam então todos os resultados e fazem a análise estatística desse conjunto de pesquisas. Nesse caso teremos milhares de casos computados e com a certeza de que as pesquisas participantes foram bem planejadas.
E como é que nós, mães, gestantes, temos acesso a essas metanálises? Existe um "braço" da Organização Mundial da Saúde voltada para o consumidor e suas prioridades. É a Biblioteca Cochrane. Eles colocam à disposição dos profissionais e do público leigo todos os estudos feitos até hoje, envolvendo todas as áreas da medicina. São os consumidores que determinam o que esse grupo vai estudar, que dão as prioridades.
Infelizmente os estudos estão todos em inglês, mas em breve será disponibilizado os resumos mais importantes traduzidos para o português e estará na internet. É de fundamental importância que as mulheres saibam o que está sendo feito em cada exame, cada procedimento e que, acima de tudo, tenham o direito de escolher o que é melhor para elas.
Entre os estudos já publicados: efeitos na anestesia sobre o parto, uso da episiotomia, posição para o parto, uso da água para analgesia, ultrassom, e muito, muito mais. Não deixe de se informar e se for o caso, consulte uma segunda, terceira, quarta opinião. E lembre-se que a opinião de cada médico virá acompanhada da experiência, crenças e conhecimentos dele.

"...dá-nos discernimento e sabedoria em cada escolha" Paramahansa Yogananda 











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