domingo, 30 de junho de 2013

Doulas e parteiras urbanas

No Brasil, as parteiras urbanas são as enfermeiras obstetras ou obstetrizes. As Doulas são mulheres que acompanham a gestante na gestação, parto e pós parto e/ou mulheres profissionais de diversas áreas que recebem o chamado de mudar o nascimento para se mudar a vida. 

As parteiras urbanas e as Doulas são profissionais especializadas no acompanhamento de gestações e parto de baixo risco, que confiam na natureza do nascimento fisiológico e na capacidade das mulheres para gestar uma outra vida, dar à luz naturalmente e maternar com todas as potencialidades inerentes ao feminino.

Ao mesmo tempo que essas mulheres oferecem um cuidado sensível e individualizado, são treinadas para utilizar a tecnologia adequadamente se necessário, garantindo cuidado e segurança nos atendimentos.

Até meados do século passado a maior parte da humanidade nascia dentro de suas casas, atendidas principalmente por parteiras tradicionais e mulheres que as acompanhavam. A institucionalização dos nascimentos trouxe grandes ganhos em termos de segurança, principalmente naquelas gestações de risco, em que mãe e/ou bebê necessitavam de suporte e tecnologia avançados. No entanto, a ida ao hospital também trouxe consequências negativas, como a medicalização desnecessária e iatrogênica dos partos, trazendo para o cenário do nascimento elementos que hoje a ciência identifica como prejudiciais ao nascimento fisiológico: a posição ginecológica, a episiotomia (corte na vagina/períneo), o soro com ocitocina para aumentar as contrações, o ambiente gelado (ar condicionado), o excesso de luminosidade e estímulos, a separação de mães e bebês logo após o parto, a solidão com o afastamento de familiares/acompanhantes, entre outros. Quem de nós nunca ouviu uma história trágica de um parto "normal"?

Essas condições desfavoráveis para o parto "normal" somadas com a evolução das técnicas cirúrgicas, acesso a bancos de sangue e à UTIs bem equipadas contribuíram para o "boom das cesarianas" que teve início na década de oitenta e se estende até os dias atuais. Dados de 2012 mostram que, pela primeira vez em sua história, nosso país apresentou mais nascimentos por cirurgias (51%) do que por partos normais.

Apesar da cesariana ser uma cirurgia salvadora e relativamente segura, seu uso indiscriminado traz sérias consequências. Falando em números, somos um país com nascimentos prematuros ultrapassando 10% (o aceito internacionalmente é 3%; as cesáreas eletivas têm grande papel nisso), com índice de mortalidade materna entre os mais altos do mundo (54 mortes por mil nascimentos), sendo mais de 90% dessas mortes evitáveis. Vários estudos ainda relacionam o índice de cesarianas de uma sociedade com o índice de violência da mesma, além de várias morbidades, como autismo, asma, obesidade, entre outros (1,2).
Paralelamente a isso, cresce no Brasil um movimento de mulheres que decidiram retomar para si o protagonismo do nascimento de seus filhos, unindo seus quereres e intuições às evidências científicas disponíveis e planejando parir naturalmente, com o mínimo de intervenções, respeitando a fisiologia do processo.

Acreditamos que as crianças e famílias que nascem dessa forma estão um passo à frente no caminho de resgatar o amor e a paz no mundo, uma vez que nascem em meio a um coquetel de hormônios do amor e são respeitadas desde seu primeiro suspiro.



1. Odent, M. The cesareans. Disponível em: http://www.wombecology.com/?pg=caesareans
2. Odent, M. Antissocial behaviour from a primal health reserach perspective.
Disponível em:http://www.wombecology.com/?pg=antisocial

Nenhum comentário:

Postar um comentário