segunda-feira, 17 de setembro de 2012

YOGA ॐ


"Não se deve usufruir a felicidade no estado meditativo, mas deve-se manter desapegado pelo uso do discernimento. Quando a mente estabelecida na sua identidade (uniformidade), quiser abandoná-la, deve concentrar-se com diligência."
Mandukya Upanishad Karika de Shri Gaudapada, III, 44-45.




OBSTÁCULOS A MEDITAÇÃO


Os quatro grandes obstáculos são:

1. A tendência para adormecer (laya);

2. A agitação e vaguear da mente (vikshepa);

3. Latências inconscientes da mente (kashayam);

4. Tendência para usufruir a quietude (rasasvad).

1. O sono

O sono é um dos maiores obstáculos à meditação. De fato, a meditação é o momento em que muitos dormem e alguns mais ousados ressonam. Isto acontece, porque estamos relaxados; e sempre que dormimos também estamos relaxados. Não que sempre que estamos relaxados dormimos, mas de fato para adormecer, relaxamos primeiro.

O sono é, regra geral causado por cansaço físico ou mental. Deve, por isso, preparar-se a meditação com descanso suficiente. O que se faz antes da meditação assume um papel determinante no evitar do sono.

Um dos métodos para evitar o sono é a auto-sugestão. Não é incomum acontecer que quando temos de nos levantar a uma hora de manhã cedo fora do comum, acordarmos ainda antes do despertador. Isso acontece porque antes de adormecer temos o pensamento determinado que não podermos adormecer depois de o despertador tocar e temos de estar alerta. Essa mesma auto-sugestão pode ser usada. Isto é muito eficaz.

A respiração, pranayama, é outra ferramenta útil para ser usada para preparar a mente para a meditação. Haverá pois que saber escolher o pranayama em função do momento. Sobre o pranayama vejam-se os artigos publicados nos Cadernos de Yoga e disponíveis no Dharmanindu.

O importante é evitar criar o hábito de adormecer na meditação, sob pena desse padrão se instalar. Vale tudo para evitar o sono: respirar fundo, abrir os olhos, interromper e fazer pranayama, shirshasana (invertida sobre a cabeça) ou até um surya namaskara (saudação ao sol).
O sono é, sem dúvida, o obstáculo mais comum. Seguem, em resumo, algumas sugestões para o evitar

· Medite depois de tomar banho ou pelo menos depois de lavar o rosto e as mãos.

· Medite quando o estômago não estiver demasiado cheio ou vazio.

· Escolha um momento em que a mente esteja alerta.

· Auto sugestão: "Permaneço acordado e alerta".

· Não medite depois de uma actividade cansativa e esgotante.

· Não medite quando existe um défice de sono.

· Inicialmente faça sessões curtas de meditação de 15 a 20 minutos.



2. A agitação e vaguear da mente (vikshepa)

A mente tem uma tendência extrovertida e tende a dispersar seja pela percepção de objectos pelos sentidos, seja pelas próprias impressões internas.

a) A dispersão externa, pelo que os sentidos reportam, é evitada pelo seguir dos primeiros passos da meditação dentro da tradição.

b) A dispersão interna desaparece com a capacidade de concentração desenvolvida pelo japa e o que se deixou dito a esse propósito. Numa e noutra forma de dispersão, o exercício do desapego em relação ao que é percebido e do conhecimento assimilado devem-se fazer presentes. Meditar impõe um estar alerta, desperto e não um deixar-se levar.

O estudo da meditação e do seu valor ajudam a evitar a distracção, uma vez que a mente tende a apreciar aquilo que valoriza. Com a prática torna-se claro que alguns hábitos e gostos que temos são a raiz de perturbação e distracções durante a meditação. Quando esses hábitos são identificados devem ser reduzidos ou evitados.


3. Latências inconscientes da mente (kashayam)
Kashaya são as impressões nascidas do inconsciente. Ao longo da nossa vida e sobretudo nos primeiros anos de vida existem uma série de situações com as quais somos confrontados e para as quais não temos a capacidade ou discernimento para lidar. Essas memórias, pensamentos e experiências não digeridos são acumulados no inconsciente. Durante a meditação quando a mente encontra uma relativa quietude, tudo isso, que não foi expresso nem assimilado, emerge e manifesta-se. Esta emersão de pensamentos pode perturbar a meditação.


É necessário permitir que esses pensamentos passem sem resistência e sem perturbação. Acolhemos esses pensamentos reconhecendo que eles não tinham sido processados até então e portanto agora são expressados. Deixamo-los emergirem fazendo com que dessa forma não se tornem parte da própria personalidade. Para tanto há que manter um alerta, mantendo-se como simples testemunha.


4. Usufruir a quietude e felicidade (rasasvad)

Este é um obstáculo muito sutil. Quando a mente se aquieta e se volta para dentro surge a sensação de paz, serenidade e felicidade. Quando isso acontece naturalmente a experiência é materializada num pensamento do tipo "que bom que é este estado" "que boa que está a meditação hoje" "que felicidade que traz esta meditação". Assim, que este pensamento surge na mente a objectificação da quietude e felicidade aconteceu. Isto dá origem a uma nova leva de pensamentos e impede o reconhecimento dessa felicidade como sendo atma svarupah.

"Acorda a mente quando o sono chega. Quando a mente acordada vagueia, de novo, trá-la de volta. Quando a mente está sob o domínio de alguns desejos não manifestos, conhece-os como sendo do inconsciente. Não se deve perturbar a mente que ganhou tranquilidade depois dos obstáculos terem sido ultrapassados. Não usufruas o deleite, ananda, nesse estado tranquilo. Se desapegado em relação a esse deleito pelo entendimento correcto."

Tradução livre a partir do ensinamento do Swami Dayananda.


MANTRAS 

O significado da palavra mantra é: man (mente) tra (entregue).

Eles tem origem do Vedas, que são livros sagrados indianos. Tais escrituras compões-se de 4 mil escritos, de onde foram extraídos milhares de mantras.
Os indianos acreditam que ouvir e cantar mantras atribuem ao dia-a-dias benefícios  como amor, bondade e compaixão.

Repetir os mantras muitas vezes é a chave para interromper o processo natural de pensamento intermitente, que nos leva de uma idéia a outra sem controle. Quando paramos esse fluxo mental, o corpo relaxa, e a mente se aquieta e se abre a vibrações sutis, que permitem ampliar a percepção.


Invocação da paz:

Sahanavavatu
Saha nau bhunaktu
Saha viryam
Karavavahai
Tejasvinavadhitamastu ma
Vidvisavahai
Om Shanti Shanti Shanti

Que Ele nos proteja
Que Ele nos faça apreciar (a realidade)
Que nós tenhamos muita energia
Que nosso estudo tenha muita luz
Que nós jamais nos desentendamos
Que haja paz, paz, paz

Mangala Mantra:

Om
Swasti praja bhyah pari pala yantam
Nyá yena márgena mahi mahishaha
Go brahma nebhyaha shubamastu nityam
Loká samastá sukhino bhavantu
Om Shanti Shanti Shanti

Que a prosperidade seja glorificada,
Que os governantes nos governem com justiça,
Que todas as coisas sagradas sejam protegidas,
Que todos os seres, de todos os lugares, sejam
livres e felizes, e que eu possa, com meus pensamentos
e minhas ações contribuir para este objetivo.
que haja paz, paz, paz

Poder de cura generalizada do sol:

Om Arkaya Namaha
Om Hiranyagarbhaya Namaha

Om e saudações Àquele que brilha e alivia as aflições.
Om e saudações Àquele que brilha, cura e tem a cor do ouro.

Asthanga Mantra

Om
Vande Gurunam charanáravinde
Sandarshita svatma sukhava bodhe
Nih sreyase jangalikayamane
Samsara halahala mohasantyai

Abahu purushakaram
Sankhachakrasi dharinam
Sahastra sirasam svetam
Pranamani patanjali
Om

Saúde os pés de lótus do mestre
Que ensina o justo saber e mostra
O caminho para o despertar da alma;
Aquele que está além das comparações
E que, como o médico da selva,
Extrai da consciência o veneno da ignorância.

Inclino-me frente ao sábio patanjali,
Que tem forma humana na parte superior do corpo,
Que segura uma espada, uma concha e um disco,
E que está coroado por uma serpente de mil cabeças.

Namastê. (O divino que habita em mim, sauda o divino que habita em ti).

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